DO SENTIDO DADO AOS PASSOS, AOS PASSOS QUE NOS CONSENTIMOS DAR... JAMAIS OS MESMOS DEPOIS DE TRILHAR O DESERTO BRANCO

14
Jul 06
Coloane, Julho 2006

A Gaia, o Omar, o Tyro, a Hera e o Pasha têm quase dois meses (faltam 2 dias).
Já todos saíram do ninho que foi a minha casa; a Gaia foi viver com o Café que também lá viveu, assim como o Eros, a que se juntaram a Hera e o Omar; o Pasha e o Tyro também vão, após voltas inesperadas de algumas vidas, ficar a viver juntos.
No Domingo fizeram-me uma visita... foi tão bom voltar a vê-los, lindos, ternurentos e grandes, que grandes! Todos 100% salsichas como a mãe, mas a Gaia e o Tyro com a marca peluda do pai completamente evidente!
Recordar o que foram as tão rápidas seis semanas em que, dia após dia, os vi crescer é vertiginoso... tantas fotografias ficaram por tirar, filmes por fazer!
Os cordões umbilicais que caíram ao Pasha, à Gaia e ao Omar pouco mais de 24 horas depois de terem nascido, enquanto que a Hera e o Tyro "esperaram" cerca de 3 dias, o lento desabrochar dos olhos e dos ouvidos, os primeiros passos do Omar que se despachou mais cedo por ser o mais leve, cinco caudas a abanar freneticamente quando nos viam...
Diz o povo que "parir é dor e criar é amor"...
Com os meus cãezinhos vivi esse ditado - quando nasceram eram uns rolos inexpressivos (confesso que compreendi a hesitação das parturientes quando olham para os seus bebés recém-nascidos e são acometidas pela horrível sensação de não encontrarem em si o amor avassalador que esperavam lhes inundasse os corações ao contemplá-los), que guinchavam quando lhes pegávamos ... Depois foram-se acostumando ao toque das mãos, diferente das lambidelas e focinhadas da mãe, a reagir quando os chamávamos, até ao guincharem desesperadamente pela nossa atenção.
Invadiram-nas e tornaram mais bonitas a minha vida e as de alguns dos meus amigos... e todos os novos donos estão completamente babados e felizes com os seus Marycreamosos. E eu orgulhosíssima! Estão lindos, saudáveis - pudera! alimentados com suplementos de leite, sopas de carne, vegetais e maçã, vitaminas, logo a partir das 3 semanas para que a Mary não se desfizesse e eles não ficassem subnutridos -, brincalhões, felizes.
Fiquei mais rica com esta dádiva inesperada.
publicado por fpg às 16:52

04
Jul 06
Macau, Maio 2006

Hoje de manhã salvei um passarinho verde, minúsculo, dos que os chineses levam em gaiolas para o Jardim Camões!
Estava no muro do meu jardim, com ar de quem não se sentia muito bem; quando tentei apanhá-lo voou para dentro do jardim e lá andei, não sei quanto tempo, de rabo para o ar à procura dele entre os galhos dos vários arbustos e pequenas árvores, certa de que estava por ali... Afinal pousara simplesmente num galho que ficava à altura dos nossos olhos, enquanto eu e a minha empregada procurávamos com afinco nos mais escondidos!
Tinha os olhos cobertos com crostas (um ligeiramente aberto); levei-o para casa...
E a gripe das galinhas?
Estão sempre a publicitar que não devemos agarrar pássaros selvagens e muito menos doentes! Se os veterinários se recusarem a tratá-lo o que faço? Tratamento caseiro! "A necessidade aguça o engenho"... água morna para amolecer as crostas e figas para que a inflamação não tivesse provocado danos irreversíveis. Como já estava(mais uma vez)atrasada pedi à minha empregada que tomasse conta dele.
Quando telefonei para saber o que se passava, já tinha ido à sua vida para a árvore grande ao lado de minha casa...
Depois do ninho vazio, uma história com final feliz!

Coloane, 2003

Alguém afirmou: "O tempo não cura nada... apenas tira o incurável do centro das atenções". Tal não será também uma forma de cura? Afinal todas as terapias são válidas (desde que resultem...)!
publicado por fpg às 14:55

Coloane, Abril 2006

Há semanas fui surpreendida com o aparecimento de um ninho, com três ovinhos, numa das árvores do meu jardim. Um presente da Primevera! Nem o facto de aquela ser casa de tantos cães afastou a decidida mãe que, entre algumas saídas para se alimentar, lá zelava com carinho os seus futuros rebentos, assustadiça sempre que nos aproximávamos.
A Natureza é tão perfeita que nem o vento e a chuva trazidos por um tufão, não muito ameaçador, conseguiram destronar aquela pequena obra de arte.
Primeiro um, no dia seguinte os outros dois, lá apareceram os carequinhas depenados, cujos bicos se esticavam sempre que pressentiam algum movimento perto. As penas foram começando a desenvolver-se. Ontem encontrei o ninho vazio... a mãe esvoaçou numa árvore perto... de repente encontrei um dos bebés morto no chão, enquanto outro, a custo, tentava equilibrar-se numa das mangueiras, ainda sem fruto, ali perto.
Como a noite se aproximava, resolvi colocá-lo de novo no ninho pois ali estaria mais protegido - apesar do instinto protector ter tentado sugerir-me que o levasse para dentro e o alimentasse durante mais uns dias, até que estivesse mais forte para resistir às chuvadas que quotidianamente vão caíndo. Enquanto o tinha na mãos comecei a sentir uma horrível comichão na cara, no pescoço, nos braços... Só depois de o ter deixado a salvo no ninho percebi o que se passava: estava repleta de minúsculos (quase microscópicos insectos). Fiquei sem perceber de onde tinham aparecido. Se da mangueira, se do passarinho... Tive de ir para dentro tomar um banho.
Cerca de duas horas mais tarde resolvi verificar se estava tudo bem, se a mãe o estava a proteger. Não, nada estava bem... a mãe não estava e, quando me aproximei, nada mexeu dentro do ninho... o meu segundo passarinho tinha morrido e a praga dos minúsculos insectos continuava. Acho que foram eles que o mataram. Quem me dera tê-lo levado para dentro, quem me dera não ter respeitado esse pequeno e tão decisivo momento da ordem natural. Assim, apenas um sobreviveu. Espero que no próximo ano venha aconchegar-se no ninho vazio que ficou no meu jardim.
publicado por fpg às 13:47

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