De volta a casa, após ter vivido as melhores férias da minha vida, estou com cabeça e coração completamente inundados de Egipto e Deserto Branco, como se o Nilo mos tivesse invadido de enxurrada à qual fiquei passivamente a assistir, sem esborçar qualquer movimento de resistência.
É estranho... ao chegar à Grécia o deslumbramento foi, de imediato, absoluto!
Como já disse algures, senti como que um retorno ao ventre materno, uma identificação total com os locais, os cheiros, a luminosidade, a beleza dos monumentos...
No Egipto tal não aconteceu.
Acho que o estado de choque em que fiquei com a quantidade desmesurada de turistas em que constantemente tropeçava, me impediu de me render...
E nem era época alta.
A imagem que tive foi a de uma baleia a desovar, mas partindo-se do pressuposto que ela estaria cheia de ovas do tamanho das das espécies de peixes pequenos.
Pois, as baleias não desovam, não são peixes...
Era gente por todos os lados; gente preocupada em posar em frente aos monumentos, nos sítios... não sinceramente interessada em vê-los. É, olhavam-nos mas não os viam, nem os sentiam.
Passavam neles com tal velocidade que, em comparação, a "rapidinha à coelho", parecia uma maratona.
Isto aconteceu principalmente em Luxor, o meu porto de chegada. Em Edfu e em Kom Ombo.
A partir de Assuão começou a esbater-se; em Abu Simbel o panorama não foi desesperante.
No Cairo, felizmente, também não, apesar de se entrar em semana final de Ramadão.
Em Alexandria, poucas pessoas estariam dentro de casa... O fim do jejum, da abstinência, transformaram as ruas num quase carnaval.
E depois de tudo isto, veio a paz indescrítivel do Deserto Branco.
Eu sabia que não iria ficar-lhe indiferente.
Mais jamais pensei que o efeito fosse este...
Senti-me transportada para outra dimensão, para um espaço algures não no mundo.
Nunca na vida senti nada assim.
Vagas de paz, de tranquilidade, de comunhão com aquela beleza única continuam, ainda, a rolar dentro de mim.
O Deserto é único.
Uma experiência inesquecível.
Agora, sei por onde começar:
Por Luxor, pelo Vale dos Reis, pelo dia 21 de Setembro, cerca das 5h30 da madrugada.