Sabe quem me conhece que sou um bocado esquisita.
Melhor dizendo, selectiva, de acordo com as necessidades do meu organismo (o pior é ele necessitar tanto de gelados Häagen-Dazs, que o novo Maracujá-Manga é duma pessoa perder o tino...), pelo que se sinto necessidade de comer iogurte como iogurte, se ele pede sopa de cenoura com abóbora e tomate, faz-se sopa de cenoura com abóbora e tomate, se são lulas estufadas são são lulas estufadas, se é bife com esparregado lá sai um bife com esparregado e patatipatata.
Mas lá fruta é que ele não pede muito, não senhora.
Para colmatar esse lapso, compro laranjas em doses industriais e bebo sumo.
Adoro sumo de laranja.
De há uns tempos a esta parte, comecei a ficar com pena das cascas (OK, está bem, sou assim porque há muitos anos durante a representação de uma parábola na igreja em Paço de Arcos tive que desempenhar dois papéis na mesma peça, e quando estava a trocar a roupa de rica pela roupa de pobre sentei-me numa cadeira que voou comigo por umas escadas abaixo e eu aterrei com a cabeça na esquina duma mesa e fiquei desmaiada; acordaram-me à bofetada, acabaram de me vestir e fui fazer o final da peça - para além de pobre parecia bêbeda...). Ora, como estava a dizer, comecei a ficar com pena das cascas, de as deitar fora sem lhes dar outro uso, sem as reciclar.
Como o tempo estava bastante seco, resolvi começar a secar as cascas que depois logo se veria.
Há cerca de duas semanas descobri a solução: experimentar fazer doce. Nunca comi, não sei se existe, não vou comer (só gosto de laranja natural, de bolo de laranja ou de torta de laranja), mas logo se vê.
Procurei na internet.
Encontrei uma receita, vi que era possível e entrei em plena criatividade.
Já fiz doce de casca de laranja com canela, doce de casca de laranja com canela e chá de príncipe e doce de casca de laranja com hortelã.
Quem provou, aprovou!
Abençoado trambolhão pelas escadas (mesmo tendo eu virado ateia...).