DO SENTIDO DADO AOS PASSOS, AOS PASSOS QUE NOS CONSENTIMOS DAR... JAMAIS OS MESMOS DEPOIS DE TRILHAR O DESERTO BRANCO

29
Out 08

Conheceram-se na praia onde ela sempre passou férias, a miúda de 14 anos e o rapaz de 22.

A família dele era, o que se pode designar em linguagem moderna, disfuncional.
O pai, com muito amor para dar, tinha, nada mais nada menos, que sete filhos de 4 mulheres.
O Leo era filho único, de uma mãe não portuguesa, e nunca teve qualquer contacto com o resto dos ½-irmãos.
Tal só veio a suceder já adulto, após a morte da mãe.
Passou então a viver com o pai, com a madrasta do momento, e com as/os ½-irmã/os, uns mais velhos e outros mais novos que ele.
Tudo correu o bem possível para quem acaba de perder a mãe e tem de se integrar numa família portuguesa que parece reger-se por valores semi-islâmicos no que se refere à questão do casamento.
Mas eis que a voz do sangue é forte, há tendências que se perpetuam, e a meia-irmã Sana, com 16 anos, se apercebe do poder da sedução que as mulheres têm, e resolve seduzir alguns rapazes do grupo que se juntava nas férias.
Tinha tanto amor para dar como o pai...
Mas o grande drama estava a preparar-se, porque entre os troféus da época resolveu incluir o Leo, sim o meio-irmão!
A Maria, com uma sensibilidade e intuição fora do comum, apercebeu-se da que algo estranho se passava entre a Sana e o Leo; será que mais ninguém notava?
Uma noite na flat em que a família ficava, a intimidade entre os dois foi tão ostensiva, que a jovem teve a certeza que estavam todos a negar a evidência...
Sim, porque se ela com 14 anos se apercebera do que se estava a passar, inclusivamente dos ciúmes que o Leo manifestava em relação ao namorico que a Sana entretanto tinha assumido com o Manuel, um panhonha, era impossível que os adultos fossem todos cegos!
No dia seguinte, na praia, por estranho desígnio, uma vez que nem tinham muita confiança um com o outro, o Leo e a Maria foram passear pelo extenso areal, como não há outro no Algarve, que convida a longas caminhas propícias a confidências...
Lá devem ter começado por falar, ele dos seus estudos universitários em Coimbra, ela do seu sonho de um dia tirar o seu curso na Lusa-Atenas, e de outras pequenas coisas que ajudaram a que a conversa resvalasse gradualmente para uma maior intimidade.
Até ao ponto em que a Maria tem diante de si um homem de 22 anos, destroçado, cuja mãe morreu, que de repente se vê integrado numa família de valores aberrantes (que é a única que tem em Portugal), e que seja porque “o coração tem razões que a razão desconhece” seja porque a Sana estava em maré de seduzir tudo o que viesse à rede (sim porque interessada nele não estava – ambas as jovens conversaram sobre o assunto), dá por si, de repente, completamente apaixonado pela meia-irmã, que conheceu cerca de um ano antes.
A Maria que, apesar da pouca experiência de vida sabe o que é estar apaixonada, o quanto é difícil mandar no coração, fica sem saber o que dizer...
Sofre por ele, e faz a única coisa possível: as perguntas e os comentários que ajudam a que a catarse se faça na totalidade.
As férias acabaram.
O Leo nunca mais voltou.
Soube-se, mais tarde, que a Sana acabara por engravidar dele.
A criança nunca nasceu.
Ele foi escorraçado da família de cegos hipócritas que se recusou a ver o que se estava a passar a olho nú à frente de todos.
A Sana também nunca mais voltou.
Oito anos passados, na Figueira da Foz, voltou a ver o Leo, um homem de olhos tristes como o mar em dias de temporal.
Estava com amigos, bem disposto, no final de um jogo em que a Académica derrotara a Naval.
Mas não teve coragem de lhe falar.
Sabia que estava, para sempre, ligada à, talvez, mais dolorosa fase da vida dele. Para quê recordar-lha?

 

publicado por fpg às 10:36

23
Ago 08
O que é uma pena.
Caso tal fosse possível acho que por esse mundo fora haveria muito mais pessoas satisfeitas.
Em finais de 2000 disse que não contassem comigo; que não iria a Portugal para ficar em fotografias estilo "Irmãos Unidos" quando a realidade é tão diferente. Que estava farta de hipocrisias. Para não ser a desmancha prazeres acabei por ir.
Oito anos se passaram. Tudo continua na mesma. Estou farta!
De mesquinhices e pequenas maldades.
Se pudéssemos, ambas escolheríamos irmãs de etnias diferentes.
Eu escolhia a Sandra Low, a minha "irmã" chinesa.
Cada vez acredito mais que "os amigos são a família que podemos escolher".
publicado por fpg às 16:59

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