DO SENTIDO DADO AOS PASSOS, AOS PASSOS QUE NOS CONSENTIMOS DAR... JAMAIS OS MESMOS DEPOIS DE TRILHAR O DESERTO BRANCO

18
Out 08

O mais belo e imponente de todos os túmulos que vi no Vale dos Reis.



16
Out 08

De volta a casa, após ter vivido as melhores férias da minha vida, estou com cabeça e coração completamente inundados de Egipto e Deserto Branco, como se o Nilo mos tivesse invadido de enxurrada à qual fiquei passivamente a assistir, sem esborçar qualquer movimento de resistência.

É estranho... ao chegar à Grécia o deslumbramento foi, de imediato, absoluto!

Como já disse algures, senti como que um retorno ao ventre materno, uma identificação total com os locais, os cheiros, a luminosidade, a beleza dos monumentos...

No Egipto tal não aconteceu.

Acho que o estado de choque em que fiquei com a quantidade desmesurada de turistas em que constantemente tropeçava, me impediu de me render...

E nem era época alta.

A imagem que tive foi a de uma baleia a desovar, mas partindo-se do pressuposto que ela estaria cheia de ovas do tamanho das das espécies de peixes pequenos.

Pois, as baleias não desovam, não são peixes...

Era gente por todos os lados; gente preocupada em posar em frente aos monumentos, nos sítios... não sinceramente interessada em vê-los. É, olhavam-nos mas não os viam, nem os sentiam.

Passavam neles com tal velocidade que, em comparação, a  "rapidinha à coelho", parecia uma maratona.

Isto aconteceu principalmente em Luxor, o meu porto de chegada. Em Edfu e em Kom Ombo.

A partir de Assuão começou a esbater-se; em Abu Simbel o panorama não foi desesperante.

No Cairo, felizmente, também não, apesar de se entrar em semana final de Ramadão.

Em Alexandria, poucas pessoas estariam dentro de casa... O fim do jejum, da abstinência, transformaram as ruas num quase carnaval.

E depois de tudo isto, veio a paz indescrítivel do Deserto Branco.

Eu sabia que não iria ficar-lhe indiferente.

Mais jamais pensei que o efeito fosse este...

Senti-me transportada para outra dimensão, para um espaço algures não no mundo.

Nunca na vida senti nada assim.

Vagas de paz, de tranquilidade, de comunhão com aquela beleza única continuam, ainda, a rolar dentro de mim.

O Deserto é único.

Uma experiência inesquecível.

Agora, sei por onde começar:

Por Luxor, pelo Vale dos Reis, pelo dia 21 de Setembro, cerca das 5h30 da madrugada.

 


21
Dez 06

Nas duas últimas noites vi no Discovery Channel a cobertura que fizeram sobre o andamento da pesquisa arqueológica no túmulo KV 63, descoberto no Vale dos Reis no final de 2005/início de 2006, apenas a c. de 60 metros do túmulo de Tutankamon.

Prefiro, de longe, a leitura à televisão.
De vez em quando lá faço um esforço e mantenho acesa a caixa de imagens em movimento, para além do período normal do dia - o noticiário local e o de Portugal, transmitido em directo ou diferido.

Sei que há estações televisivas que apresentam programas interessantes. Mas o problema é que a maior parte tem aquele cunho infernal dos americanos, com a irritante maneira de falar - "Well, you know Mike, is really fabulous blábláblá" ........ "You're totally rigth, Fiona is a very scaring situation, blábláblá" -, sempre sensacionalista, para o qual não tenho pachorra. Na verdade não é só uma questão de pachorra; fico mesmo irritada e "à beira de um ataque de nervos", com aquelas descrições dos acidentes, das tragédias, graças ao autismo narcisista que os caracteriza. Para além disso, acresce os infernais intervalos quase tão extensos como cada parte do programa.

Mas a paixão que tenho pela história do Egipto, como pela da Grécia, de Roma, das muitas civilizações antigas, enfim... por História, levou-me a ficar "agarrada" à televisão.

Apesar do teste aos nervos (será que eles acham que quem está a ver o programa sofre de alzheimer e por isso repetem a mesma coisa um sem número de vezes, bem como as imagens a que se referem?), segui a reportagem com inegável interesse:


Imensos vasos selados e 7 sarcófagos, inexplicavelmente cobertos com uma resina negra que tapou toda e qualquer inscrição reveladora da identidade das pessoas a quem se destinavam.
Nenhum continha a respectiva múmia; no entanto pelo extilo artístico utilizado foi possível datá-los como sendo da XVIII dinastia, ou seja, dos Amen-hotep/Amenófis, de Akhenaton (o faraó herético que cortou com o politeísmo dos sacerdotes tebanos, que mudou a capital para uma nova cidade Tell el-Amarna), de Tutankamon (Tut) - talvez o mais falado faraó de todos os que governaram o Egipto não pelas grandes obras/feitos que realizou (não teve tempo para isso), antes porque o seu túmulo foi descoberto intacto, em 1922. Foi também a dinastia das grandes esposas reais Ti, Nefertiti, Ankhsenamon.


A peça mais valiosa encontrada foi um minúsculo sarcófago para bebé revestido a folha de ouro.


Até ao momento em que as pesquisas foram suspensas em Julho, terminou a estação arqueológica, ainda não tinha sido descoberta a destinatária - as opiniões de que era para uma mulher são quase unânimes.

Seria para Kiya, esposa menor de Akhenaton, a mãe de Tut? Para a sua avó Ti?
Graças aos acontecimentos anteriores e posteriores à sua morte, não é de crer que fosse para Ankhsenamon, a mulher de Tut, filha da grande esposa real Nefertiti.

Segundo alguns historiados, esta foi sempre fiel à religião monoteísta criada pelo pai Akhenaton, e tudo tentou para garantir que o mesmo sucederia com o seu marido e meio-irmão.
Os defensores da tese de assassinato de Tut acreditam que este teria sido orquestrado por influência dos membros do clero tebano, conluiados com personagens influentes e ambiciosas como Ay (nobre, intendente dos carros reais, uma posição de grande prestígio que manteve durante o reinado de Tutankhamon) ou Horemheb (militar de alta patente), que acabariam por ver os seus intuitos realizados, dado que ambos foram faraós. Aliás a XVIII dinastia terminou com Horemheb.
Após a morte do marido, Ankhsena teria ainda tentado casar com um príncipe hitita, para assegurar herdeiros, mas este foi assassinado e a rainha acabou por casar com o velho Ay. Crê-se que terá sido morta ou obrigada a suicidar-se por nunca ter aceite a "nova ordem".
Assim sendo, porque se casou segunda vez e porque acabou condenada não deve ter sido enterrada no Vale dos Reis.


Aguardemos o recomeçar das pesquisas, a análise de todos os imensos e preciosos artefactos encontrados, de flores a restos de papiros, de almofadas a linho da melhor qualidade, de jóias a pedaços de carne, de vegetais como o alho a peças de cerâmica...; pode ser que um dia, este segredo com 3000 anos possa ser desvendado.

Para maior riqueza da história da humanidade e como recompensa para o esforço de todos os que integram a equipa de pesquisa e que diligente e pacientemente se entregaram a este projecto - seria um túmulo que foi transformado em arrecadação de materiais funerários? a quem se destinava? onde está a família de Tut?


Para mim, a mais valia da presença dos elementos do Discovery Channel é o facto de se poder estar "por dentro" da equipa de peritos, acompanhar o rigor e precaução com que tudo é preparado, executado e analisado. Destaco o trabalho de Nadia Lukma, Chefe de Conservação, que teve a seu cargo fortalecer a madeira dos sarcófagos, de modo a que estes pudessem ser abertos, transportados sem que se reduzissem a pó...



http://dsc.discovery.com/convergence/egyptkv63/egyptkv63.html
Em http://msnbc.msn.com/id/12990529/ pode ser lida uma entrevista do director da investigação Otto Schaden.


 
publicado por fpg às 09:57

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